AVC – O quê? Como? Porquê? | Prevenção e Recuperação!
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas de incapacidade severa e é ainda uma causa de morte que merece atenção.
Durante muito tempo, esta patologia considerou-se por parte de profissionais e, principalmente, por parte dos cidadãos uma “fatalidade inevitável”. Sabe-se atualmente, que não é assim. Existem vários fatores de risco que podem levar a um episódio destes, por isso, há que tentar minimizar ao máximo esses fatores no estilo de vida. Também é importante uma rápida identificação dos sintomas, recorrendo de imediato aos cuidados de saúde, para assim a intervenção clínica iniciar o mais breve possível.
O que é um AVC?
A Organização Mundial de Saúde define AVC como um conjunto de sinais clínicos de evolução rápida com alterações da função cerebral, locais e globais, com duração de 24 horas ou mais, de origem vascular, tendo repercussões nas funções cognitivas e sensório-motoras, de acordo com a área e extensão da lesão.
Grande parte dos AVC’s são causados por bloqueios numa artéria que dirige o sangue até ao cérebro. Este bloqueio pode levar a lesão cerebral de toda a área irrigada por essa artéria, o que pode implicar perda do controlo da função dessa região, e consequentemente alteração da função das partes do corpo controladas por ela (movimentos de braço e/ou perna, habilidade para falar, engolir, entre outros).
Esta afeção pode ser permanente ou temporária, parcial ou completa de acordo com a lesão. Contudo, quando mais rápida for a intervenção clínica e de reabilitação, melhor é o prognóstico de recuperação.
Quais os fatores de risco?
Dentro dos fatores de risco, podemos identificar dois grupos: os modificáveis e os não modificáveis.
Os modificáveis como o próprio nome indica, são aqueles onde a prevenção pode atuar melhor. Assim, estes dependem grandemente dos hábitos do dia-a-dia:
- Hipertensão
- Aterosclerose
- Diabetes Mellitus não controlado
- Colesterol elevado
- Cardiopatia
- Estenose das Carótidas
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Stress excessivo
- Obesidade
- Uso de contraceptivo oral
- Terapia de reposição hormonal pós-menopausa
- Alcoolismo
- Aumento da homocisteína plasmática
- Síndrome metabólica por aumento da gordura abdominal
- Uso de cocaína e anfetaminas e outras drogas ilícitas
Os fatores de risco não modificáveis são aqueles que não dependem de qualquer comportamento do indivíduo, contudo, ao ter noção que existem, deve estar mais atento ao estilo de vida e aos sinais de alarme. São eles:
- Idosos
- Sexo masculino
- História familiar de ocorrência de AVC ou cardiopatia
- Antecedentes clínicos de Acidente Isquémico Transitório (AIT) ou cardiopatia
- Condições genéticas como anemia falciforme
Quais os sinais de alarme?
A ocorrência de AVC baseia-se no conjunto de vários fatores, sendo que na presença deles, deve ser pedida assistência médica de imediato. Pode manifestar-se através de:
- Fraqueza súbita ou dormência da face, braço e perna de um lado do corpo
- Perda ou défice de visão súbita, particularmente num olho
- Perda da fala, dificuldade em falar ou compreender os que os outros dizem
- Dor de cabeça súbita e com intensidade severa sem causa aparente
- Tontura inexplicável, com desequilíbrio a caminhar ou queda
- Perda de consciência
Deve ter atenção que um AIT apresenta estes sintomas, mas dura apenas uns minutos. No entanto, não deve ser desprezado, visto ser um fator de risco para uma possível ocorrência de AVC.
Como prevenir?
O melhor prognóstico passa sempre pela prevenção da ocorrência de um episódio. Para isso é necessário adotar algumas estratégias:
- Falar com o seu médico de família para perceber como está o seu estado de saúde geral e seguir os seus conselhos
- Ter hábitos alimentares equilibrados e adequados ao seu estado de saúde, sendo acompanhado em consulta de Nutrição
- Limitar o consumo de álcool e tabaco.
- Praticar exercício regular e que vá de encontro às suas necessidades, de preferência avaliado e acompanhado por profissionais qualificados.
Após a ocorrência de um AVC, como recuperar?
O tratamento médico imediato, associado à reabilitação adequada, pode minimizar as incapacidades, evitar sequelas e proporcionar ao indivíduo voltar às suas atividades e reintegração na comunidade, de forma parcial ou integral, o mais breve possível.
Uma boa comunicação entre os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais) para avaliar as necessidades e assim definir a melhor abordagem de intervenção é fundamental.
Quando adequado o tratamento Fisioterapêutico, o processo de reabilitação deve começar assim que o quadro clínico estabilize. É fundamental a intervenção nos primeiros meses de recuperação. O Fisioterapeuta avalia e trata as necessidades relacionadas com a função motora, mas também cognitiva, e ainda ensina o indivíduo e cuidadores a adotar estratégias que facilitem as tarefas diárias, potenciando a função existente e promovendo a reaquisição da autonomia.
Cláudia Pato